O câncer Colorretal tem uma grande incidência em nosso país, figurando como terceiro tipo de câncer que mais acomete a população brasileira, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A proporção da doença é balanceada entre homens e mulheres. Segundo as estimativa de novos casos do INCA**, a proporção é de 15.070 casos em homens e 17.530 em mulheres.
Alguns hábitos podem desencadear este tipo de tumor e aumentar o risco da doença, como uma má alimentação, com muitos embutidos e enlatados, dieta rica em gordura, carne e baixa em cálcio, sedentarismo, tabagismo e etilismo.
Além destes, há grande incidência da doença em alguns grupos étnicos, quem tem doenças inflamatórias intestinais como Retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. Doenças hereditárias como a polipose familiar também aumentam a chance de desenvolver esse tipo de câncer. Geralmente a doença evolui de um pólipo, que sofre alterações (mutações) levando a uma célula maligna, originando o câncer.
Há estudos que comprovam que uma alimentação saudável com fibras, frutas, legumes, laticíneos (cálcio) e exercícios físicos ajudam na prevenção, além de usos de anti-inflamatórios ou AAS (não indicados seu uso rotineiros).
Um fator agravante nesse caso é que geralmente o paciente procura o médico quando a doença já está em estágio avançado. O que contribui muitas vezes para essa consulta tardia é a vergonha por ter que fazer o toque retal e/ou a colonoscopia/retoscopia.
Se a lesão ocorrer no reto médio, alto ou colon, geralmente não pode-se palpá-lo ao toque, sendo necessário outros exames, como a colonoscopia. Por meio deste exame é possível fazer também um diagnóstico precoce. Para isto, é preciso que o paciente observe algumas mudanças no organismo, como verificar sangramento nas fezes, alteração do hábito intestinal como textura e periodicidade (diarréia ou constipação).
Muitas vezes o paciente apresenta dor abdominal intensa além da mudança no hábito intestinal, porém, alguns queixam-se apenas de perda ponderal ou anemia, sem outras sintomas evidentes. Em alguns casos, o paciente realiza uma cirurgia de emergência devido a uma perfuração ou obstrução intestinal descobrindo seu diagnóstico neste momento, sendo este fator um indicativo de que o estágio da doença já encontra-se avançado.
Sempre realizamos o estadiamento do paciente para que se possa programar o tratamento. Para o câncer de colon, em estágios iniciais, na maioria dos casos consiste de cirurgia seguida de quimioterapia. Quando a lesão é no reto, pode-se fazer a radioterapia concomitante com quimioterapia antes do procedimento cirúrgico para que se possa diminuir o tumor e depois complementar o tratamento dependendo de sua resposta.
Quanto mais precoce o diagnóstico, maior será a sobrevida e qualidade de vida do paciente. Se descoberto no estágio clinico I, geralmente se faz apenas a cirurgia. Neste estágio a sobrevida é de aproximadamente 95%; No estágio II, o médico já analisa os prós e contras em fazer ou não uma quimioterapia após a cirurgia. A sobrevida gira em torno de 80-85%; Nos estágios III e IV, faz-se a quimioterapia e a sobrevida é de 60% no estágio III e 20% no estágio IV. Neste último estágio, o tumor á apresenta metástase.
O tratamento do câncer colorretal está mais individualizado, pois realiza-se testes genéticos para pacientes avançados observando se o gene sofreu mutação ou não, indicando assim drogas alvo concomitante à quimioterapia.
Seria ideal que a partir dos 50 anos todos fizessem a colonoscopia como forma de rastreamento, pois é nesta faixa etária que costuma aparecer este tipo de câncer. Se o paciente possuir algum fator de risco e antecedentes familiares, deve-se investigar precocemente.
*Dr. Adriano Gaeta
** http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/colorretal