
Não existe a maneira correta de dar a notícia do diagnóstico. Agir deste ou daquele modo depende da sensibilidade, aprendizado e experiência de cada um.
Dar a notícia sobre qualquer doença é uma situação muito particular. No caso do câncer, a situação ainda vem carregada de muitos estigmas. Tem pessoas que nem conseguem pronunciar o nome da doença e evitam falar a palavra ‘câncer’ pelo peso que ela carrega culturalmente.
Nesse processo, é importante lembrar que cada indivíduo tem suas particularidades e que a situação envolve tanto o paciente como o profissional da área da saúde.
No Brasil e nas culturas latinas este papel de ‘dar a notícia’ fica mais a cargo do médico. Em outras sociedades, por exemplos, os indivíduos recebem o diagnóstico em casa, no contexto familiar.
Dessa maneira, o médico lida com a emoção da notícia e não só com a notícia, isto é, não só o problema em si, mas o problema que o problema causa.
Dar o diagnóstico do câncer, portanto, envolve muito a visão que o médico tem sobre a doença, como ele próprio encara e lida com o problema, e, muitas vezes, a forma como ele verbalizada ou pré-verbaliza (gestos e expressões) denunciam toda a emoção que está envolvida no momento da conversa. É uma leitura de cada momento que precisa ser observada e respeitada.
Qualquer doença tem conotação negativa. Por isso, o profissional da saúde deve saber a fundo sobre o quadro, já ter identificado qual o tipo de câncer, a extensão da doença, o prognóstico, entre outras informações que o ajudem a oferecer ao paciente todas as possibilidades de tratamento e o que será feito, diminuindo, assim, a angústia e insegurança de quem vai passar pelo processo. É muito importante conhecer bem o paciente e dar o apoio e ele e os familiares nesses momentos tão difíceis.
*Dr. Adilson Faccio, oncologista graduado pela USP de Ribeirão Preto. Doutor em oncologia pela USP, especialista em oncologia clínica. Membro da America Society of Clinical Oncology, e da International Association for Study in Lung Cancer.