
Prevenção e diagnóstico precoce são duas abordagens diferentes, mas que estão estreitamente ligadas quando o assunto é risco no desenvolvimento do câncer.
A prevenção ocorre com medidas tomadas para evitar que o câncer apareça, pois alguns tipos de câncer podem realmente ser evitados.
A prevenção do câncer colo uterino, por exemplo, pode ocorrer se a paciente se consultar regularmente e fizer os exames solicitados. Neste caso, a primeira alteração celular aparece de oito a 10 anos antes de se tornar um câncer invasivo. Se detectadas alterações pré-malignas, o tratamento torna-se possível e a mulher não chega a desenvolver a doença.
No caso do vírus papilomavirus humano, que está associado a uma grande porcentagem de câncer de colo uterino, as alterações podem ser detectadas fazendo um bom controle ginecológico, sendo possível tratar e evitar a evolução do tumor invasivo.
Quando se trata de tumores na região da área de cabeça e pescoço, por exemplo, o tratamento dentário, não apenas o tratamento de cárie, mas também de infecções gengivais e alterações ortodônticas, é uma forma de prevenir tumores nesta região. Geralmente doenças crônicas, como gengivites, propiciam o aparecimento de tumores nesta região e, numa escala maior, a diminuição de fumo e do álcool também são uma prevenção para estes tumores.
O tabagismo está diretamente ligado ao câncer de cabeça e pescoço e ao câncer de pulmão. Medidas que mudam o hábito da população podem prevenir esse câncer de uma forma primária.
No Brasil, o câncer de pele é o que tem maior incidência. Para preveni-lo, é necessário usar o protetor solar e se expor ao sol nas horas recomendadas. Não é conversa. É fato.
Já o câncer de mama, por exemplo, também pode estar associado à obesidade e a grande exposição estrogênica. Diferente do colo uterino, que é possível evitar, nos casos de câncer de mama que é importante que o diagnóstico seja feito precocemente.
A maior prevenção não é a mamografia, pois ela já busca o diagnóstico precoce. O estimulo ao autoexame, controle de peso, alimentação saudável e até mesmo a amamentação seriam campanha bastante efetivas de prevenção.
Já no câncer de próstata, os fatores preventivos ainda não são claros. Então é feito um trabalho muito forte para o diagnóstico precoce, como os exames de toque retal e dosagem de PSA no sangue, os quais diagnosticam se há alguma alteração. Em todos os casos, o tratamento é mais efetivo quando a doença está no começo.
Dessa forma, percebe-se que alguns cuidados podem ser tomados para que haja a prevenção de alguns cânceres. O ideal e recomendado é sempre fazer acompanhamento médico e exames de rotina.
*Dr. Adilson Faccio, oncologista graduado pela USP de Ribeirão Preto. Doutor em oncologia pela USP, especialista em oncologia clínica. Membro da America Society of Clinical Oncology, e da International Association for Study in Lung Cancer.