O melanoma avançado ou melanoma metastático se configura como um tumor extremante difícil de tratar e com uma expectativa de sobrevida pequena. Detectado na fase inicial, as chances de cura chegam a 98%.
Tradicionalmente, usa-se desde a década de 1970 uma droga quimioterápica chamada dacarbazina no tratamento desse tipo de câncer. No entanto, a droga sempre foi associada a um resultado pouco efetivo, com 18% de resposta. A sobrevida livre de progressão tinha expectativa de 3 a 4 meses e a sobrevida global de 6 a 8 meses.
É sabido que o melanoma responde bem ao sistema imune e, desde de 2010, começaram a surgir no mercado novas drogas que ativam o sistema imune contra o melanoma. Além disso, houve o surgimento de outras drogas que atuam contra mutações especificas, como os inibidores de BRAF, cuja taxa de resposta contra a doença é muito alta, entre 60 a 70%, embora, habitualmente, não sejam respostas de longa duração.
Hoje no Brasil a imunoterapia de melanoma avançado é realizada com ipilimumab, uma das poucas drogas aprovadas nesse tipo de tratamento. Aliás, é preciso comentar que a imunoterapia, no Brasil, é aprovada somente após a falha da quimioterapia convencional.
Já existem outras drogas aprovadas em alguns países, tais como Pembrozolumab e Nivolumab.
Em alguns países que usam combinações destas drogas no tratamento, como nos EUA, os estudos em andamento mostraram significativas taxas de resposta, mesmo com o melanoma metastático, e hoje já há relatos de pacientes que estão atingindo 5 anos livres de doença. Para uma doença que tinha perspectiva de 6 a 8 meses, estamos falando de uma sobrevida média que saltou de 6 meses para até 24 meses. A sobrevida de 5 anos sem a imunoterapia era inferior a 2%.
Quando falamos em 5 anos livres da doença estamos começando a falar em cura, por mais que seja um percentual ainda pequeno. A verdade é que a imunoterapia inaugura um novo paradigma para o tratamento do melanoma, e, conforme a tendência que ficou evidente nos trabalhos apresentados no último congresso da ASCO (American Society of Clinical Oncology), realizado em junho deste ano, essa mudança se estenderá para diversos outros tumores, como pulmão, onde já começam aparecer os resultados de estudos.
O melanoma corresponde atualmente a 7% dos tumores malignos no ser humano, sendo um dos tumores que mais aumentou sua incidência em termos globais., daí a importância desses resultados trazidos pela imunoterapia.
* Dr. EVANDRO AIRTON SORDI SANTOS, Oncologista da equipe do IRMEV e membro titular da Sociedade Brasileira de Cancerologia